quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Sempoesia

Certo, sonho e Sal
Pessoa de S. João
sem Sabugo

Cento e sessenta cetavos de sabedoria
no centro saudoso
sofrendo de solidão.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Lili

A doce Lili não está nem aí
tem uns cabelos de lava
mas não ligue para metáforas a toa
de quem está perdido em Cracatoa

Ah, os olhos verdes de Lili!
São uns olhos verde-mar
como diriam os Dias
e toda a taifa d'Os Lusiadas

Nunca foi tão longe
e viu tamanha exuberância,
beleza, solidão
erupção

Mas Lili... não está nem aí

segunda-feira, 3 de maio de 2010

poemas rápidos

O cego

céu estrelado,
canto dos pássaros,
abelha, flores,
nomes
de mulheres


O desenhista

um poema
metro, rima, ritmo, versos
é como um desenho
sem isso
são apenas traços.

-Será que estes traços dizem algo?
- não, claro que não.

Sobre arte e amor

Como no poema ‘‘datilografia’’ de Álvaro Campos, Vejo a arte não como um conjunto de obras canônicas reconhecidas e elogiadas pelos críticos, mas como a outra história da humanidade, aquela que não aconteceu noutro lugar senão na imaginação dos homens e continuará a ter seu lugar enquanto tivermos a faculdade de sonhar. A arte literária constitui a materialização da criatividade através de palavras, ao passo que nas artes plásticas a mesma materialização se dá através de imagens.

O amor sempre teve um lugar especial dentro dos devaneios, então não é estranho que seja também um tema recorrente. Houve um tempo em que nós humanos não sabíamos descrever o que sentíamos e através da arte essas coisas ganharam existência. Imaginem o que seria do mundo se nunca tivessem escrito poemas de amor, sem as falas inflamadas de Romeu e Julieta. Mesmo as pessoas que nunca leram Shakespeare receberam alguma influência indireta que se enraizou na sociedade ao longo dos anos. A percepção que temos do amor certamente seria diferente e certamente seria menor.

Sentimentos e objetos físicos que existiam em nossa consciência apenas como um amálgama caótico, ora nos perturbando, ora nos deleitando, passaram a existir enquanto objeto apreensível através da literatura. Usei o amor como exemplo, mas poderia ter falado sobre medo, alegria, sensação de fracasso ou de sucesso, o céu estrelado, o lixão, um burguês, um mendigo. Todas isso podem parecer plano se observado de uma forma referencial, todavia, um olhar artístico nos revela nuances (in)imagináveis.

Um pedaço da 8ªarte do mestre Liniers para terminar.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Poema Nº3

O tempo
e a distância
[ausência]
agora em vez de ar livre no campo
sala fechada
foto
empoeirada.

sábado, 20 de março de 2010

Poema nº 2*

Da praia
olho para o mar

Náusea & Bundas...

Nauseabundo passei por aqui
E deitei lá onde água e areia se confundem

era menino
ou bebê
beber
e as ondas me ninavam
meninavam


*Quando tive a idéia de escrever essa ''poesia'' estava sem papel e lápis. Eu ainda faria outro jogo de palavras do tipo ''náusea'' e ''bunda'' = nauseabundo ou ''me ninar'' e ''meninar'', mas quando sentei para escrever não consegui lembrar o terceiro. Por isso ela fica assim meio incompleta.

Talvez um dia outro jogo desse tipo me ocorra e posso acrescentar. Afinal esta é a finalidade desse Blog, ser um local para experimentos poéticos ou pseudo-poéticos.

sábado, 13 de março de 2010

Poema Nº 1

Amanhã serei poeta.
Sei, não será tarde
Para andar de bicicleta
Sem ter medo da maldade.

Amanhã serei criança
E na manhã ensolarada,
Embalado em nossa dança,
Vou inventar outra toada.

Enquanto isso vou na sombra,
Salvo só pelo desejo,
Porque sonhar não é lombra
E amanhã serei eu mesmo.