segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sobre arte e amor

Como no poema ‘‘datilografia’’ de Álvaro Campos, Vejo a arte não como um conjunto de obras canônicas reconhecidas e elogiadas pelos críticos, mas como a outra história da humanidade, aquela que não aconteceu noutro lugar senão na imaginação dos homens e continuará a ter seu lugar enquanto tivermos a faculdade de sonhar. A arte literária constitui a materialização da criatividade através de palavras, ao passo que nas artes plásticas a mesma materialização se dá através de imagens.

O amor sempre teve um lugar especial dentro dos devaneios, então não é estranho que seja também um tema recorrente. Houve um tempo em que nós humanos não sabíamos descrever o que sentíamos e através da arte essas coisas ganharam existência. Imaginem o que seria do mundo se nunca tivessem escrito poemas de amor, sem as falas inflamadas de Romeu e Julieta. Mesmo as pessoas que nunca leram Shakespeare receberam alguma influência indireta que se enraizou na sociedade ao longo dos anos. A percepção que temos do amor certamente seria diferente e certamente seria menor.

Sentimentos e objetos físicos que existiam em nossa consciência apenas como um amálgama caótico, ora nos perturbando, ora nos deleitando, passaram a existir enquanto objeto apreensível através da literatura. Usei o amor como exemplo, mas poderia ter falado sobre medo, alegria, sensação de fracasso ou de sucesso, o céu estrelado, o lixão, um burguês, um mendigo. Todas isso podem parecer plano se observado de uma forma referencial, todavia, um olhar artístico nos revela nuances (in)imagináveis.

Um pedaço da 8ªarte do mestre Liniers para terminar.

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